sábado, dezembro 30, 2017

Mídia esvazia significado oculto do Ano Novo


Nesse momento de contagem regressiva para o Ano Novo, cada telejornal e programa de entretenimento recorre à pauta de sempre: as resoluções para o novo ano e as simpatias e crendices para o reveillon. Principalmente agora, época em que desempregados e trabalhadores temporários foram reciclados como “empreendedores” para tentar elevar o astral da patuleia. Mas tudo isso esconde um significado oculto e milenar das festividades de final de ano que envolve “Janus” -  a divindade indo-europeia ambivalente com duas caras, uma olhando para o futuro e a outra para o passado. De onde veio “Janeiro”, cujo primeiro dia do mês na Roma antiga era dedicado a rituais e sacrifícios ao deus criador das mudanças e transições, como progressão do passado para o futuro, de uma visão para a outra, de um universo para o outro. Janus olhava para o futuro, mas também para o passado para lembrar e aprender. Mas para grande mídia é apenas a comemoração do fim de uma ano velho e a celebração otimista de um ano supostamente novo. Não olhar para o passado e repetir os mesmos erros no futuro. Celebrar o esquecimento.  

quinta-feira, dezembro 28, 2017

No oitavo aniversário "Cinegnose" atualiza lista com 101 filmes gnósticos


Nesse mês o “Cinegnose” faz aniversário. Oito anos analisando filmes gnósticos e também os chamados "filmes estranhos" - "weird movies". Procurando mapear, seja nos filmes hollywoodianos, pop ou no cinema de arte, a presença e evolução dos diversos elementos gnósticos e simbolismos místicos ou esotéricos associados ao sincretismo do chamado Gnosticismo Hermético. Também baixamos à terra, onde “Cinegnose” exerceu a crítica à política da grande mídia e à cultura pop – instrumentos que perpetuam a ilusão desse mundo. Afinal, esse é o plot central do drama cósmico narrado pela Cosmogonia gnóstica. Para comemorar esse oitavo aniversário, o “Cinegnose” atualizou a lista dos filmes que receberam o “Certificado de Filme Gnóstico” do blog. Agora são 101 filmes, analisados ao longo desses anos. Certamente filmes diante dos quais não podemos passar indiferentes. Pelo menos, enquanto estivermos nesse mundo.

segunda-feira, dezembro 25, 2017

Os sinais silenciosos que antecedem um golpe em "The Handmaid's Tale"


Para a revista “New Yorker”, publicação dos leitores bem pensantes liberais dos EUA, a série “Handmaid’s Tale” (2017-) é um “distópico conto feminista” da atual era Trump. Mas enquadrar a produção da plataforma de streaming Hulu nesse clichê é confirmar aquilo que a própria série alerta: ao qualificar os sinais do conservadorismo apenas como excrescências religiosas de gente ignorante é mau informada, reduzimos tudo a uma estranha normalidade, sem percebemos os sinais silenciosos cotidianos que antecedem os golpes políticos. Em “The Handmaid’s Tale” a América foi dominada por um estado teocrático fundamentalista cristão. Um desastre ambiental tornou a maioria das mulheres estéreis. As poucas mulheres férteis foram subjugadas e transformadas em “servas”, reduzidas a aparelhos reprodutores de uma elite dominante masculina. O Congresso, a Casa Branca e o Supremo Tribunal foram massacrados e a Constituição foi substituída pela leitura radical dos versículos da Bíblia.    

domingo, dezembro 24, 2017

O espírito do tempo do Natal em "Santa Claus" e "Star Wars Holiday Special"


O que há em comum entre o filme mexicano “Santa Claus” (1959, aka “Santa Claus vs. The Devil”) e “Star Wars Holiday Special” (1978), o especial de Natal da CBS, considerado a pior coisa já feita para a TV? Cada uma dessas produções, na sua época, traduziu o Natal de acordo com o “espírito do tempo”. O primeiro, na esteira do início da corrida espacial e Guerra Fria EUA e URSS. E o segundo, no rastro do sucesso do filme de 1977, já antevendo o computador pessoal e compras e comunicação através da Internet. Contextos tecnológicos e políticos diferentes que criaram, cada um no seu tempo, formas diferentes de interpretar os simbolismos natalinos: o primeiro, global; o segundo, cósmico. Mas os destinos das produções foram diferentes: “Santa Claus” foi um dos filmes natalinos mais reprisados da TV norte americana; enquanto “Star Wars Holiday Special” foi renegado pelos atores, fãs e pelo próprio George Lucas: “eu queria apenas tempo e um martelo para destruir cada cópia”, lamentou.

quinta-feira, dezembro 21, 2017

Globo faz mais três "Contos Maravilhosos" para Natal do mérito-empreendedor


“Olhe sempre para o lado brilhante da vida”, cantava um condenado à morte pelos romanos, na cruz, no filme “A Vida de Brian” do grupo inglês de humor Monty Python. Diante de uma realidade birrenta e teimosa que insiste em contradizer a pauta da “retomada do crescimento econômico”, a mídia corporativa faz como Eric Idle cantando naquele filme: tenta transformar más notícias em positivos “Contos Maravilhosos”, conceito dos estudos de narratologia do pesquisador Vladimir Propp – contos mágicos de perda e recompensa. Para tentar elevar o astral da patuleia, agora convertida em mérito-empreendedores, a Globo criou mais três edificantes contos para as festas de fim de ano: os contos maravilhosos sobre o botijão de gás, o Conto Maravilhoso do resgate dos valores natalinos e uma novidade – o Meta Conto Maravilhoso da jornalista demitida.

terça-feira, dezembro 19, 2017

Bebês, repolhos e Papai Noel no cruel mundo adulto de "Patch Town"



Bebês, pés de repolhos e Papai Noel numa fábula sobre um mundo adulto que prepara crianças para o futuro cruel que as espera – a exploração física e psíquica pelo trabalho e sociedade de consumo. Um filme que combina a iconografia da era soviética, folclore europeu oriental, a mitologia gnóstica do demiurgo, Papai Noel e elfos. Um mundo no qual bebês são recolhidos em campos de repolhos para serem vendidos como bonecas para crianças de todo o mundo. Para depois serem recolhidas pelo “Coletor de Crianças”, a memória delas apagada e em seguida exploradas em uma fábrica que produzirá mais bonecas com bebês presos em seu interior. Tudo com pitadas de cenas musicais e dança. Este é o estranho filme canadense “Patch Town” (2014): um cruzamento da estética “dark” de Tim Burton com as atmosferas opressivas de Terry Gilliam. 

sábado, dezembro 16, 2017

Nossas vidas são estradas e escadarias infinitas no filme "El Incidente"


Será que na realidade somos como pobres hamsters prisioneiros de uma roda que gira eternamente sem nos darmos conta da nossa terrível situação?  Será que repetimos sempre os mesmos gestos, em um mesmo cenário, sempre com os mesmos efeitos e as mesmas consequências? Poderia ser essa a definição de loucura: tentar resultados diferentes repetindo a mesma rotina? Duas estórias paralelas com personagens presos em loops espaço-tempo eternos – um grupo em uma escadaria e uma família prisioneira em uma estrada infinita na qual o sol nunca se põe. Esse é o filme mexicano “El Incidente” (2014) do jovem diretor Isaac Ezban. Uma ambiciosa ficção científica metafísica que aproxima as geometrias impossíveis de M.C. Escher com o universo conspiratória de Philip K. Dick, procurando aproximar a hipótese da existência dos mundos paralelos da cosmogonia dos diversos “céus” dos antigos gnósticos.

Três "Contos Maravilhosos" para novos mérito-empreendedores


Hoje a grande mídia esforça-se para demonstrar imparcialidade para não se desmoralizar de vez diante de telespectadores e leitores. Diante da crise econômica crônica e da tragédia social brasileira, a mídia é obrigada a abandonar o confortável campo semiótico da dissimulação (simplesmente mentir, omitir ou censurar) para aplicar a estratégia mais trabalhosa da simulação: tem que mostrar as mazelas brasileiras. Mas o desafio é transformá-las em “contos maravilhosos” no sentido dado pelo pesquisador de narratologia, Vladimir Propp – o estudo da estrutura narrativa recorrente em todos contos de fadas. Agora o jornalismo corporativo tenta transformar personagens anônimos da tragédia brasileira em protagonistas de contos de fadas pós-modernos. O “Cinegnose” analisa três contos maravilhosos midiáticos: o conto “a economia alquímica para as massas”, o conto do “presépio vivo de uma moradora de rua” e o conto “a virada maravilhosa de um homem em um economia que cresceu 0,1%”.

quinta-feira, dezembro 14, 2017

Trump inventou a "Meta-False Flag" em explosão de Nova York?


À primeira vista a explosão de uma bomba caseira atada ao corpo de um homem em estação de ônibus e metrô em Nova York parece ser mais do mesmo: um não-acontecimento (aqueles fatos que são relações públicas de si mesmos) com timing, ambiguidades, anomalias, a indefectível narrativa do “lobo solitário” etc. E um homem que se explode “acidentalmente” e sobrevive apresentando um aspecto de um personagem de desenho animado chamuscado. Mas Donald Trump deu o toque de novidade: imediatamente após o suposto atentado, um tweet no qual o próprio presidente sugere que o episódio foi uma “fake news”, atacando os canais CNN e MSNBC. Uma curiosa “Meta-False Flag”? Por que Trump acusa de “fake news” um episódio no qual saiu ganhando? Para a grande mídia, o “atentado” foi retaliação contra o anúncio da transferência da embaixada dos EUA para cidade santa de Jerusalém. Ou mais um “não-acontecimento”, desta vez com objetivo de desviar a atenção da opinião pública da derrota norte-americana diante da tática de dissuasão nuclear da Coréia do Norte?

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